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Dono da Construtora Valor disse que Ezequias Moreira foi um dos que receberam a quantia, que seria destinada para a campanha de Beto Richa.

O dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, afirmou que o secretário especial de Cerimonial e Relações Internacionais do Paraná, Ezequias Moreira, foi uma das pessoas que receberam o dinheiro desviado para a construção de escolas no estado. A empresa de Souza foi o principal alvo da Operação Quadro Negro, deflagrada em 2015.

As declarações de Souza constam no acordo de delação premiada que ele fechou com o Ministério Público Federal. Segundo ele, o dinheiro desviado foi usado na campanha do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) à reeleição, em 2014.

De acordo com ele, além de Ezequias, o dinheiro também foi entregue a Ricardo Rached, que é assessor da governadoria. Conforme o delator, os dois eram responsáveis por repassar o dinheiro para Luiz Abi Antoun, parente do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que já foi condenado a prisão, na Operação Voldemort e é um dos principais alvos da Operação Publicano, que apura fraudes na Receita Estadual.

Souza afirmou que as entregas de dinheiro eram feitas na Superintendência da Secretaria da Educação, em Curitiba. Quem fazia a intermediação entre o empresário e as pessoas que pegavam o dinheiro era o ex-diretor da pasta, Maurício Fanini.

A equipe chefiada por Fanini era responsável por produzir os relatórios que indicavam ao governo o andamento das obras conduzidas pela Construtora Valor. Segundo as investigações, os documentos foram fraudados, para dizerem que as obras estavam em estágio avançado quando, na verdade, mal tinham saído do papel. Com esses laudos, o governo liberava os pagamentos à empresa. Os contratos somavam R$ 32 milhões.

O delator contou que boa parte desse dinheiro chegou a ser repassada para a campanha de Richa. Ele afirmou que o dinheiro foi usado como caixa dois, ou seja, não foi contabilizado no balanço enviado à Justiça Eleitoral.

Conforme Souza, para entregar o dinheiro sem ser visto, ele entrava por uma porta lateral no prédio em que Fanini trabalhava. Nos primeiros pagamentos, o dinheiro era deixado em uma mochila, dentro do banheiro da sala do ex-diretor.

Com a continuidade dos pagamentos e o aumento dos valores, o dono da Construtora Valor passou a usar caixas de garrafas de vinho para entregar o dinheiro. Segundo Souza, ele comprava caixas com 12 garrafas e retirava 10 delas. O espaço vazio era preenchido com as notas. As duas garrafas que sobravam serviam para fazer barulho e não levantar suspeitas quando as entregas fossem realizadas.

Reunião na casa de Richa

Souza também afirmou aos procuradores do MPF que o então diretor da Secretaria de Educação Maurício Fanini participou de uma reunião na casa de Beto Richa, 45 dias antes da eleição de 2014, para discutir caixa dois. O atual presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSDB), também participou do encontro, afirma o empresário.

Segundo o delator, Fanini contou que na reunião ficou acertado que ele também deveria ajudar na campanha do deputado Ademar Traiano à reeleição. Eduardo delatou que não estava no encontro, mas, ainda assim, se comprometeu a dar R$ 100 mil para o caixa dois. Ele levou o dinheiro em uma mala no gabinete da liderança do governo na Alep.

O acordo de delação

No acordo, o dono da Construtora Valor se comprometeu a apresentar provas de tudo o que disse e abrir mãos de bens. A delação ainda precisa ser homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em troca, o empresário ganhou o benefício de não ser preso e usar tornozeleira eletrônica por dois anos. As citações aos políticos estão sendo apuradas pela PGR, em Brasília.

Professores protestam contra os supostos desvios investigados pela operação Quadro Negro

Protesto

Após a divulgação das informações da delação de Eduardo Lopes de Souza um grupo de professores se reuniu em frente à casa do governador Beto Richa para protestar. Os manifestantes seguraram quadros negros, em que constavam os valores gastos nas escolas que não foram entregues por causa dos esquemas de corrupção descobertos pela investigação.

O que dizem as defesas

O secretário especial de Cerimonial e Relações Internacionais, Ezequias Moreira, afirmou que não conhece Eduardo Lopes de Souza e que a delação dele não é verdadeira. Em nota, ele disse que não fez parte de qualquer ato da campanha eleitoral de 2014, do governador Beto Richa.

O assessor da governadoria Ricardo Rached disse que as citações ligadas ao nome dele são mentirosas. Ele afirmou que nunca participou de processos de arrecadação e que não há provas do envolvimento dele no caso.

Em nota, o PSDB do Paraná afirmou que o partido não recebeu qualquer doação de Eduardo Lopes de Souza e disse ainda que Maurício Fanini não participou e nem tinha autorização do partido para a captação de recursos. Segundo a legenda, o comitê financeiro da campanha de 2014 só recebeu doações legais e teve as contas aprovadas pela Justiça Eleitoral.

A defesa de Eduardo Lopes de Souza afirmou que, por conta do sigilo, não pode se manifestar.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (SEED) informou que foi a primeira a investigar os indícios de disparidades em medições de obras de escolas. Foi aberta auditoria interna em 2015 para apuração da situação e os dados foram encaminhados à Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Contas, para que cada órgão tomasse as providências cabíveis. A SEED também reforçou seus departamentos de controle interno e de auditoria após o episódio.

A defesa de Maurício Fanini não quis se manifestar.

Ademar Traiano negou as acusações e as classificou como infundadas e sem provas. Ele disse ainda que não tem conhecimento da delação.

Veja a íntegra da nota divulgada pelo governador Beto Richa

"O governador Beto Richa classifica as declarações do delator como afirmações mentirosas de um criminoso que busca amenizar a sua pena. Tais ilações sequer foram referendadas pela Justiça. E suas colocações são irresponsáveis e sem provas. O governador afirma que nunca teve qualquer contato com o senhor Eduardo Lopes de Souza e sequer fez ou pediu para alguém fazer qualquer solicitação a essa pessoa para a campanha eleitoral de 2014. Todas as doações eleitorais referentes à eleição de 2014 seguiram a legislação vigente e foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

O governador lembra ainda que foi a própria Secretaria de Estado da Educação que, em abril de 2015, detectou disparidades em medições de algumas obras de escolas e abriu auditoria interna sobre o caso. De imediato, o governador determinou a demissão de todos os envolvidos. As informações levantadas internamente também foram repassadas à Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado para que tomassem as medidas cabíveis. É importante salientar ainda que a Polícia Civil do Paraná investigou e prendeu os suspeitos na denominada Operação Quadro Negro, a qual jamais teve qualquer tipo de informação antecipada.

Cabe lembrar ainda que, conforme despacho do govenador Beto Richa, a construtora Valor e seus responsáveis foram punidos administrativamente pelo Governo do Estado. Nesse despacho do governador, a empresa foi declarada inidônea para participar de licitações com a administração púbica e foi aplicada uma multa de R$ 2.108.609,84.

Seguindo determinação do governador, a Procuradoria Geral do Estado também entrou com ações civis públicas na 1.ª, 4.ª e 5.ª Varas da Fazenda Publica por dano ao erário contra a construtora Valor e pessoas ligadas à empresa, incluindo o senhor Eduardo Lopes de Souza. Os pedidos de indenização pelos danos causados ao Estado somam R$ 41.091.132,80. Há ainda ações de improbidade administrativa contra os envolvidos, que também buscam ressarcimento dos cofres públicos".

 

 




Fonte: G1 PR
Fotos: Arquivo RADIO VOZ

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Postado por: Adelino

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