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Dono da Construtora Valor firmou acordo de colaboração com o Ministério Público Federal e disse que dinheiro desviado ia para campanha de Richa. Delação ainda precisa ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"É mentira. Todas as acusações que me fazem são falsas", defendeu-se o governador do Paraná Beto Richa (PSDB) nesta segunda-feira (4) sobre afirmações do delator da Operação Quadro Negro, nas quais foi citado.

O dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, firmou acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Quadro Negro, que investiga um esquema de desvio de dinheiro que seria usado para construção de escolas. O acordo ainda precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Lopes, o dinheiro desviado foi usado na campanha de Beto Richa à reeleição ao governo estadual, em 2014.

O tucano disse que o delator "inventou uma historinha". A delação veio à tona na sexta-feira (1º).

"Uma narrativa envolvendo políticos do estado e o governador, que sou eu, para conseguir liberdade", afirmou.

O governador garantiu que "não existiu nada do que ele [o delator] inventou". Beto Richa ainda disse que entrará na Justiça com uma ação criminal contra o delator.

"Ninguém vai mexer com a honra da minha família impunemente", disse.

O governador chamou as citações de "ataques sórdidos, mentirosos e levianos". Beto Richa acrescentou que tem "enfrentado a fúria dos poderosos". Ele também afirmou que vai encarar Golias com a fé de Davi, ao fazer uma metáfora bíblica.

O tucano relatou estar com consciência tranquila. O governador ainda disse que o segredo de Justiça que, conforme ele, existe para proteger as pessoas de bem, foi violado. "Não tenho receio, estou tranquilo. Estou reagindo às maldades", falou Beto Richa, quando lembrou o fato de a delação não ter sido homologada.

"Não tem prova concreta", enfatizou o governador.

"A verdade hoje ou amanhã vai prevalecer e vai aparecer", afirmou o governador que também disse que o delator, a quem se referiu como "criminoso", será preso: "Vai estar atrás das grades".

 

Beto Richa disse que as obras ficaram paradas por mais de um ano. Contudo, garantiu que os editais de licitação já estão fixados para que as obras sejam retomadas.

Sobre o caixa dois em campanha, o governador foi categórico: "Não trabalhamos com caixa dois".

Beto Richa também falou a respeito de aditivos assinados por ele. Em sete aditivos, a Valor recebeu cerca de R$ 6 milhões da Secretaria da Educação

"Eu assino todo dia um monte de aditivos de obra – seja de prazo, seja de valor. Foi levantado pela minha assessoria, eu sou a 12ª pessoa a aprovar os aditivos. Passa pelos fiscais do órgão responsável pelas obras, passa pelo engenheiro, passa pelo diretor, passa pelo superintendente, passa pelo secretário do órgão. Vai para a Secretaria de Educação, segue o mesmo rito engenheiros, diretores, superintendente, secretário, vem para a Casa Civil, passa pelo mesmo circuito e aí vem para eu assinar", explicou o tucano.

"Não tem como eu parar e desconfiar de 11 pessoas – secretários de Estado, fiscais, engenheiros, diretores, superintendentes – que avalizaram aquele aditivo que eu estou sendo trazido para assinar. Ou eu paro, coloco uma trena embaixo do braço e vou medir obras Paraná afora. Não é possível", disse.

Beto Richa ainda disse que determinou a apuração dos fatos relacionados à investigação da Operação Quadro Negro e a exoneração dos envolvidos.

A fraude

Segundo as investigações, a fraude contou com a ajuda do ex-diretor da Secretaria da Educação, Maurício Fanini, que se dizia amigo pessoal do governador. A equipe chefiada por ele era responsável por produzir relatórios sobre o andamento das obras contratadas junto à Valor.

Os técnicos preparavam documentos fraudados, indicando que as obras estavam em andamento avançado, quando na verdade seguiam a passos bem mais lentos.

Em um dos depoimentos da delação, Souza afirmou que Fanini mandava fazer as medições falsas porque não poderia faltar dinheiro para a campanha de Richa. Segundo o empresário, os dois esperavam levantar R$ 32 milhões para o governador, com os contratos que a Valor fechou com o poder público.

 

Para ganhar as licitações, Fanini orientou Souza a elaborar propostas com descontos agressivos. Depois, os dois acertariam os valores com aditivos contratuais, subindo o valor total das obras.

Em sete aditivos, a Valor recebeu cerca de R$ 6 milhões da Secretaria da Educação. Com essa tática, eles contavam que conseguiriam chegar aos R$ 32 milhões.

Souza contou aos investigadores que, entre abril e setembro de 2014, ele fazia os repasses diretamente a Fanini, na sala dele, no prédio da Superintendência de Educação. O empresário contou que entrava por uma porta lateral e Fanini dizia "banheiro". Então, o dono da Valor ia até o vaso sanitário e pegava uma mochila, que enchia de dinheiro.

O empresário afirma que, em dado momento, perguntou a Fanini se o dinheiro realmente estava indo para a campanha de Richa. O ex-diretor teria dito que sim.

Outro lado

A defesa de Eduardo Lopes disse que devido ao sigilo da colaboração não vai se manifestar. A defesa de Fanini afirmou que não vai se manifestar por não ter acesso ao suposto acordo de delação.

O PSDB do Paraná afirmou que o partido não recebeu qualquer doação de Lopes. Além disso, disse que Fanini não participou e não tinha autorização do partido para captação de recursos e que o comitê financeiro da campanha de 2014 só recebeu doações legais e teve as contas aprovadas pela Justiça Eleitoral.

A Secretaria Estadual de Educação informou que foi a primeira a investigar os indícios de desvio, a avisar as autoridades competentes e que reforçou seus departamentos de controle interno e de auditoria.

A empresa Valor não tem um advogado constituído.




Fonte: G1 PR
Fotos: Arquivo RADIO VOZ



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Postado por: Adelino

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