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Demonstração de carinho para uns, absurdo para outros, o selinho entre pais e filhos está longe de ser uma unanimidade. Na última segunda-feira, 26 de novembro, o jogador de futebol David Beckham postou uma foto no Instagram dando um beijinho na boca da filha Harper, sete anos, e causou polêmica nas redes sociais. Enquanto algumas pessoas criticaram a atitude do pai da menina, outras disseram que estão acostumadas a fazer isso.

No Grupo de Mães de Donna no Facebook, a foto também dividiu opiniões e gerou discussões. Mas, afinal, dar selinho nas crianças é saudável ou não?

De acordo com a pedagoga e especialista em gestão escolar e neuropsicologia Larissa Zoch Larrossa, a polêmica surge justamente pelo fato de o beijo ser considerado um comportamento sexualizado, por fazer parte de relações românticas.

– Várias mães consideram que o selinho é apenas uma manifestação de carinho, sem maldade, mas falando profissionalmente, existem estudos sobre a infância que comprovam que, nesta fase, em que as crianças estão em desenvolvimento, é um pouco complicado que elas compreendam a diferença desse beijo na boca.

A psicóloga e professora e pesquisadora dos estudos de Gênero, Psicanálise, Psicologia e Educação da Universidade La Salle.

Denise Regina Quaresma da Silva considera a prática danosa para o comportamento futuro das crianças:

– Os limites a gente não estabelece com “sim”, mas com “não”.

É a mesma opinião da psicóloga e psicanalista Luciana Balestrin Redivo Drehmer, professora da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS. Segundo ela, o melhor caminho é optar pelo diálogo:

– Uma das grandes tarefas dos pais é apresentar para a criança seus limites, não só do corpo que é seu, mas das limitações que a vida em sociedade exige. A criança aprenderá que o prazer do beijo na boca é condição de adultos.

Embora reconheça que é uma conduta comum, Larissa ressalta a importância de deixar claro o limite e a diferença entre um carinho entre namorados e o carinho entre pais e filhos. Ela pondera que o selinho frequente pode levar a criança a considerar natural esse tipo de manifestação e querer reproduzir essa conduta na escola:

– Pode ser que a criança não entenda essa diferença e depois queira beijar a boca da professora, de coleguinhas, por demonstração de carinho a essas pessoas, e isso pode gerar confusão, até mesmo com outras famílias.

Com a palavra, as mães

“Tudo depende de como os pais orientam e conduzem os filhos. Os meus, por exemplo, sabem que certos carinhos e intimidades acontecem apenas comigo e o pai. Minha filha de sete anos beijava o pai dela até um tempo atrás, mas agora não faz mais. Falamos que apenas nós podemos fazer isso. Sentar no colo de outros homens, ela nunca sentou, porque falo que não pode. Acredito que, à medida que as crianças que são bem orientadas vão crescendo, vão entendendo que certas coisas não podem mais fazer.”

Uyara Praxedes Klein, 36 anos, professora

 

“Acho que tem gente exagerando. Agora tudo é visto com maldade. Conheço gente que nunca foi beijada (nem no rosto) pelo pai e era molestada pelo mesmo. Minha filha dá selinho em mim e no pai dela também e vai continuar dando.”

Júlia Pereira Schroeder, 36 anos, auxiliar administrativa

 

“Eventualmente, dava selinho no meu filho mais novo, hoje com três anos. Assim como eu fazia no meu mais velho, quando tinha a mesma idade. Mas, com o tempo, procurei explicar que não precisa dar selinho. Pode ser abraço, beijo na bochecha, e eles entenderam. Acho que não é bom acostumar os filhos a dar selinho, pois eles podem repetir esse comportamento em outros núcleos como escola, por exemplo, ou ficar suscetíveis a algum tipo de abuso, por acreditarem que beijar na boca é algo normal.”

Lola Carvalho, 43 anos, publicitária e administradora da página @Mãe Sem Limite

 

“Não vejo problema algum. Que coisa mais linda é a entrega entre um pai e um(a) filho(a). Acho que por trás desse beijo tem muito amor, confiança, segurança, carinho.”

Carolina Ribeiro Dias, 36 anos, publicitária

 

“Não gosto, lá em casa não fazemos isso. Até porque não tive esse costume quando pequena e também não quero ‘normalizar’ o beijo na boca na minha filha. Quero que ela entenda que isso é errado em criança, para que, caso isso acontecer, ela saiba entender que não está certo e nos falar sobre o acontecimento. Não condeno quem faça, entendo que em muitas famílias isso é costume. Mas eu não me sinto à vontade com esse tipo de carinho em mim nem na minha filha.”

Giovana Kasper, 26 anos, assistente comercial

 

“Quando a minha filha de três anos e meio era menor, rolava umas bitoquinhas comigo e com o papai, mas sempre muito natural. Partia dela dar na gente. Quando ela entrou na escolinha, reforçamos que beijo bom era na bochecha. Ela achou então que era mais legal na bochecha, simples assim! Quando a outra bebê veio, ela já sabia que o melhor era beijar a maninha na bochecha, e naturalmente parou de dar bitocas em nós também. Mas sobre outros pais fazerem isso, não me incomoda nadinha, mesmo não sendo a opção que escolhi para a minha família.”

Patricia Rodrigues Silva, 29 anos, empresária do ramo da beleza




Fonte: Clic RBS
Fotos: Arquivo Radio Voz



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Postado por: Adelino

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